terça-feira, 5 de agosto de 2008

presente 'mais-que-perfeito'.

Hoje estou nostálgica, pensativa. Estou sensível, porém, mais forte que nunca. (E não, hoje não tenho a desculpa do TPM.)

Fecho os olhos e viajo no tempo; não para o amanhã, como muitos ingénuos desejam, mas para o ontem. Paro nos dias esfumados da vida, onde apenas há lugar para o pretérito imperfeito, e caminho, pé ante pé, sobre o rio que corre contornando quase todas as pequenas rochas que se formaram com os sucessivos e imparáveis tic-tacs do relógio. Oh, se tu soubesses o que foram esses rochedos outrora...

O tempo corre, e nunca pára; dá passadas largas e velozes. Transforma os aromas, as cores, tudo o que resta do que se esfumou em pequenos rochedos inodoros; rouba-lhes a policromia, reduzindo-os ao simples preto e branco, tal e qual uma fotografia antiga, gasta e rasgada, mas nunca irreconhecível. E, apesar de todas as promessas, de todos os juramentos, no fundo eu sabia que tudo seria assim. Sempre o foi e sempre o será. Nunca temos apenas um caminho à nossa espreita; basta darmos uma pirueta e encontramos dezenas de pequenas ruelas que nos espiam os movimentos e nos aliciam para a sua calçada. Nenhuma delas é perfeita, ficará sempre algo para trás, à espera que o tempo faça o seu papel.

Sim, é verdade, os rochedos por onde hoje caminho já foram mais que isso. Já tiveram todas as cores do arco-íris, já tiveram formas e feitios, sons e aromas. Já foram vida e liberdade. Hoje, apesar de frios e adormecidos, não são inúteis. Afinal é através deles que consigo caminhar ao longo destas águas incertas, a que vulgarmente chamamos vida.

Zuza.

Sem comentários: